sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Trabalho 2 - Seleção e utilização de Recursos Educacionais Abertos


“Atitudes perante um conflito”
Mestrado em Pedagogia do Elearning (MPeL9)
UC – Materiais e Recursos para Elearning
Docente: Profa. Doutora Ana Nobre
Aluna nº 905486 - Maria Emanuel Melo de Almeida

Introdução

A atividade 2 referente ao trabalho 2 da UC sobre Materiais e Recursos para Elearning pretende apresentar Recursos Educacionais Abertos (REA) que integrem uma proposta de um módulo de Ação de Formação sobre “Gestão de Conflitos”, tendo como título “Atitudes perante um conflito”.
Esta atividade é realizada para professores, para quem trabalha no âmbito das relações humanas em empresas e outros ambientes, assim como todas as pessoas interessadas no tema.
Pretende-se aprender a resolver os conflitos de modo não violento, através de instrumentos e de decisões que vão ao encontro de uma cultura de paz.
Antes de expor a atividade proponho-me seguir os pontos apresentados nas orientações propostas pela Profa. Doutora Ana Nobre para esta atividade.

1. Investigação e seleção de dois Recursos Educativos Abertos (REA)

B – CEDEC- Centro Nacional de Desarrollo Curricular en Sistemas no Proprietarios http://cedec.ite.educacion.es/

2. Critérios que fundamentam a escolha dos REA

EduTopia é um site fundado por Georges Lucas e cuja Fundação criada pelo mesmo tem como objetivos identificar e divulgar abordagens inovadoras, replicáveis e baseadas em provas que permitem ajudar os alunos a desenvolver as suas aprendizagens.
É um site de grande alcance que engloba uma comunidade online onde cresce o conhecimento e a partilha.
Entre os vários critérios que permitiram a escolha deste REA destacam-se os seguintes:
Qualidade – a aprendizagem baseia-se em projetos, a avaliação é abrangente, engloba estudos integrados, possui uma aprendizagem social e emocional, a liderança é educacional. Contribui para ajudar tanto os professores como os alunos dentro e fora da sala de aula.
Potencial colaborativo - a partilha aberta tem a capacidade de prover a colaboração, incentivar a melhoria dos materiais disponíveis e colaborar na divulgação das melhores práticas.
Finalidade educativa – promover o desenvolvimento dos professores e a sua integração no meio tecnológico.
Identidade e autonomia – são conteúdos abertos de aprendizagem partilhados e cujos recursos de investigação estão disponíveis e livres para quem desejar poder reutilizar, rever, remixar e redistribuir.
Facilidade de acesso - não é necessário apoio metodológico para os professores.
Facilidade de utilização - é intuitivo e de fácil utilização. É utilizável com um software útil e conhecido.

B –  CEDEC- Centro Nacional de Desarrollo Curricular en Sistemas no Proprietários http://cedec.ite.educacion.es/
CeDeC é o Centro Nacional de Desenvolvimento Curricular em Sistemas não Propietarios, é uma instituição dependente do Ministério da Educação e Cultura e Desporto através do Instituto Nacional de Tecnologias Educativas e Formação de Professores (INTEF) e do Conselho de Educação e Cultura do Governo de Estremadura de Espanha. Esta instituição é um centro de referência a nível nacional na produção de recursos educativos abertos.
Qualidade – este REA para além de possuir um Guia de Atenção para a Diversidade, contem ainda REA de Matemática, Língua e Literatura, guia de redes sociais para famílias com acesso online; guia para a elaboração de materiais educativos abertos, REA que permitem ajudar as famílias a orientar os filhos nos estudos, e ainda documentos e relatórios presentes no catálogo das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
Potencial colaborativo – qualquer usuário pode criar um recurso e utilizar o mesmo de acordo com os seus interesses e necessidades. Embora esteja editado como um só conteúdo, é possível ser usado e consultado em partes distintas de acordo com as necessidades de quem os utiliza.
Finalidade educativa – os REA do Guia de Atenção à Diversidade apresentam conteúdos, manuais e materiais multimédia elaborados por associações, organismos e federações relacionados coma a “Atenção à Diversidade”.
Identidade e autonomia – o principal objetivo do projeto “Guia de Atenção à Diversidade” consiste em criar uma comunidade de usuários que partilhe experiências, conhecimentos e recursos sobre a atenção à diversidade verificada na sala de aula. Trata-se de um conjunto de orientadores, professores, pais e agentes sociais que colaboram num projeto inovador que deve ser um êxito no que respeita a atenção à diversidade.
Facilidade de acesso – possui indicadores e critérios que podem orientar o trabalho dos docentes ou das próprias famílias permitindo-lhes conhecer melhor as crianças que possuem uma certa deficiência ou alteração física, psicológica, cognitiva ou outra.
Facilidade de utilização – este recurso não pretende ser um manual nem um guia fechado. O seu objetivo é oferecer material que permita a qualquer pessoa aproximar-se de diversas realidades que conferem a “Atenção à Diversidade”.

3. Propostas de adaptações

A – No primeiro REA escolhido (EduTopia) sugeriria abrir o site a outras línguas, pois trata-se de um recurso tão rico que é pena ter como única língua o inglês. Digo isto, pensando em quem não possui os conhecimentos suficientes desta língua para poder utilizar este recurso tão útil para qualquer pessoa.
B – Quanto ao recurso CEDEC procuraria elaborá-lo em diversas línguas como seja a gestual e o braille, visto estar direcionado como Guia de Atenção para a Diversidade, para além de outros aspetos pedagógicos.

4. Atividade de aprendizagem – “Atitudes perante um conflito”

Em seguida, apresenta-se uma atividade de aprendizagem onde serão usados os recursos explorados anteriormente (EduTopia e CEDEC).
Os trabalhos realizados online são feitos em grupo através de diversas ferramentas digitais como wiki e slideshare, apresentados posteriormente ao grupo/turma, a fim de ser possível chegar a uma conclusão final.
Tendo em consideração o tema a tratar nesta atividade, considera-se necessário referir a importância das ferramentas digitais que permitam desenvolver uma cultura de paz, através da resolução de conflitos de modo não violento e para isso é importante ter em atenção o aspeto colaborativo e cooperativo que pode ter uma determinada ferramenta digital.

Objetivos
1 – Saber o que dificulta a resolução de um conflito
2 – Conhecer as atitudes que contribuem para a resolução de um conflito

Desenvolvimento

Para se poder alcançar os objetivos propostos foram consultados os REA expostos anteriormente e identificadas as estratégias necessárias, a fim de ser possível resolver os conflitos de modo não violento.
Perante os conflitos podem-se ter várias atitudes e consequentemente são necessárias diversas estratégias para os resolver de modo não violento. Contudo, é necessário ter presente que nem todas as estratégias e atitudes resolvem os conflitos, pois algumas podem agravá-los ou ocultá-los.
Mencionam-se algumas atitudes básicas que perante um conflito costumam dar resultados positivos:

O que se deve fazer perante um conflito (Programa “Aprender a convivir” - Vigo)

O que ajuda a resolver um conflito
O que dificulta a resolução de um conflito
- acalmar-se
- insultar
- escutar ativamente
- ameaçar
- usar uma linguagem respeitosa
- culpar
- distinguir o problema da pessoa
- acusar
- dirigir a atenção para o problema
- desprezar/ridicularizar
- saber defender as posições de cada um respeitando os sentimentos da outra parte
- julgar
- saber pedir desculpa quando se comete uma falta
- ver só a nossa posição
- propor soluções
- generalizar/etiquetar
- procurar acordos e respeitá-los
- bater
- ter espaços e tempo para enfrentar os conflitos
- evidenciar outras questões que não estão ligadas ao conflito.

Em seguida, apresenta-se uma dinâmica de grupo denominada “História do martelo”.

Dinâmica de grupo
Um outro ponto a abordar nesta atividade 2 consta de uma dinâmica de grupo sobre “A história do martelo”.
Para a sua realização, divide-se a turma em grupos de quatro formandos. Cada grupo realiza as atividades propostas e no fim o porta-voz apresenta os resultados alcançados ao grupo/turma.

Texto para análise - “A história do martelo”
“Um homem quer colocar um quadro na parede. Já tem o prego, mas falta-lhe o martelo. O vizinho tem um. Assim, o homem decide pedir ao vizinho que lhe empreste o martelo. Surge-lhe uma dúvida: O quê? E se não me quer emprestar? Lembro-me que ontem o vizinho cumprimentou-me um pouco distraído. Quem sabe tinha pressa. Quem sabe se a pressa não era senão um pretexto e ele tem alguma coisa contra mim. O que é que posso fazer? Eu não lhe fiz nada; foi alguma coisa que meteu na cabeça. Se alguém me pedisse emprestada uma ferramenta, eu dar-lha-ia imediatamente. Porque é que ele não o fará também? Como é que uma pessoa pode recusar fazer ao outro um favor tão simples? Pessoas como esta amarguram a vida aos outros. E depois ele pensa que dependo dele. Só porque tem um martelo. Isto é o cúmulo.
Assim, o nosso homem vai precipitadamente à casa do vizinho, toca a campainha, abrem-lhe a porta e, antes que o vizinho tenha tempo de dizer “bom dia”, o nosso homem grita furioso: «Fique você com o martelo, seu palerma!». (Watzlawick, 1990: 43-44, citado em Jares, 2001: 143)

Para a realização desta dinâmica, o texto “A história do martelo” é exposto à turma, através da ferramenta slideshare.
Cada formando começa por ler individualmente o texto, depois em grupo procura responder às questões colocadas pelo formador:
1 - Está-se perante um conflito real ou de um falso conflito?
2 - Foi eficaz o “homem do martelo” para conseguir o que necessitava?
3 - O “homem do martelo” constrói uma história na sua cabeça sobre o seu vizinho e acaba por insultá-lo. Que consequências tem este modo de atuar numa convivência respeitosa?
4 - Viveu alguma situação semelhante? Em que papel?
5 - Que conclusões tira desta história?

Para responder às questões, os formandos utilizam a ferramenta Wiki, nomeadamente WikiEducator. Através desta ferramenta os formandos criam uma opinião de grupo sobre os pontos apresentados pelo formador. Para isso os vários elementos do grupo discutem e lançam o seu contributo no WikiEducator, a fim de criarem uma opinião de grupo que depois é partilhada com todos os restantes formandos do grupo/turma, através da ferramenta slideshare, permitindo uma reflexão alargada e uma conclusão geral sobre os aspetos apresentados na dinâmica.

Conceitos
Para abordar os conceitos sobre “atitudes perante os conflitos” é proposto aos formandos que investiguem sobre o tema nos REA propostos e selecionados para o estudo, expondo o resultado das suas investigações numa página WikiEducator. Por meio desta ferramenta todos os elementos do grupo/turma podem aceder, criando e modificando as várias aportações dos colegas, até alcançarem conceitos e perspetivas, em que todos os elementos do grupo estejam de acordo.
Posteriormente o resultado desta investigação é apresentada em Slideshare através de um PowerPoint que resume as conclusões a que chegou o grupo/turma.
Após esta apresentação e para consolidar os conhecimentos adquiridos o/a formador/a apresenta o resultado do seu estudo sobre o tema abordado. Deste modo, os formandos podem constatar se as suas opiniões estão ou não de acordo com a fundamentação teórica apresentada pelo formador, sendo esta mais uma ocasião para se estabelecer um diálogo colaborativo e aberto entre todos os formandos com o/a formador/a.


Reflexões finais

Pelo exposto nesta atividade 2 pode-se constatar que desde o início da sua realização nos encontramos perante um trabalho de pesquisa, seleção e utilização de Recursos Educativos Abertos, de acordo com as orientações do trabalho a realizar.
Trabalhos como este são um desafio que de certo modo ajudam não só a fundamentar as ideias como a adquirir novos conhecimentos e competências necessárias para vida em sociedade, pois mais do que nunca encontramo-nos continuamente perante conflitos que temos de os resolver e por vezes é difícil saber como fazer.
Para terminar e verificar a importância que os conflitos e a sua resolução têm no processo educativo, apresento um texto de Supple (1993), citado por Burget (2003):
“ Apreciado/a professor/a
Sou um sobrevivente de um campo de concentração.
Os meus olhos viram o que nenhum homem deveria presenciar:
Câmaras de gás construídas por engenheiros instruídos.
Crianças envenenadas por médicos profissionais.
Crianças mortas por enfermeiros profissionais.
Mulheres e recém-nascidos mortos a tiro e queimados por graduados em escolas superiores e universidades.
Portanto suspeito da educação.
O meu pedido é: ajuda os teus estudantes a chegar a ser pessoas.
Os teus esforços nunca devem produzir monstros, hábeis psicopatas, futuros Eichmans.
Ler e escrever a aritmética… são importantes unicamente se servem para tornar os nossos filhos mais pessoas.” (p. 37)

Perante este testemunho, constata-se que a educação, por si só, não acaba com as guerras, nem com as causas da falta de paz, nem com os conflitos violentos no mundo, mas é um caminho que, se for bem percorrido, pode conduzir à paz. (Almeida, 2011)
Assim, os REA são uma mais valia para o desenvolvimento de aprendizagens que visem o bem comum, os valores cooperativos e colaborativos, na medida em que são abertos ao público que deseje dar o seu contributo pessoal à sociedade em geral.

Referências bibliográficas

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Fisas, V. (1998). Cultura de paz y gestión de conflictos. Barcelona: Icaria/Unesco.
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